Caríssimos
irmãos e irmãs da querida Prelazia de Coari! Louvado seja Nosso Senhor Jesus
Cristo!
1. Alegrai-vos no Senhor! Com grande alegria, dirijo-me a todos vocês
com esta mensagem convocatória para a celebração do início do Jubileu de Ouro
da criação da Prelazia de Coari (AM).
Estamos
comemorando, com muita fé, alegria e esperança, os Cinqüenta Anos da criação da
Igreja que está em Coari (AM). O Ano Jubilar é um grande hino de louvor e de
gratidão a Deus por todas as maravilhas que Ele fez no meio de nós (Lc 1,49)
durante esses últimos 50 anos. O Jubileu de Ouro é “o ano da graça do
Senhor, o tempo de nosso Deus fazer justiça, consolar todos os aflitos” (Is
61,2). O Ano Jubilar não é somente um tempo de graça e de agradecimentos, mas
também “é o ano de remissão dos pecados e das penas pelos pecados, ano de
reconciliação entre os desavindos, ano de múltiplas conversões e de penitência
sacramental e extra-sacramental. A Igreja, nestas circunstâncias, proclama «um
ano de graça do Senhor», esforçando-se para que todos os fiéis possam usufruir
mais amplamente de tal graça”.[1]
Com o Apostolo São Paulo vos digo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito:
alegrai-vos!” (Fil 4,4), por causa dos 50 anos da Prelazia de Coari!
2. A História é a mestra da vida. A Prelazia de Coari (AM) foi criada
no dia 13 de Julho de 1963, pelo Santo Padre, o Papa Paulo VI, na base da Bula
Pontifícia “Ad Christi”, sendo desmembrada da Arquidiocese de Manaus. O
documento papal, a respeito da criação da Prelazia de Coari, rezava assim: “Dividimos
da Arquidiocese de Manaus, os territórios dos municípios de Novo Aiapuá, Anamã,
Anorí, Berurí, Camará, Coari, Codajás, Manacapuru, Pioriní e, os mesmos
territórios divididos, confiamos a nossa Prelazia, que será chamada (de
Prelazia) de Coari. A cidade de Coari será a sede desta nova circunscrição e a
sua Igreja Prelatícia será dedicada à Sant'Ana”. O primeiro administrador
apostólico da Prelazia de Coari foi Dom João de Souza Lima, Arcebispo de Manaus
e o seu primeiro bispo Prelado foi o saudoso Dom Mário Robert Emmet Anglim,
CSSR (+1973). Portanto, nesse ano celebramos a Solene Abertura do Ano Jubilar
dos 50 anos da criação da Prelazia de Coari.
A
sua instalação canônica aconteceu no dia 11 de março de 1964 na igreja matriz
de Coari (AM) que, a partir daquela data se tornou a catedral – a igreja mãe -
da Prelazia de Coari (AM). Por esse motivo, o nosso Jubileu de Ouro da Prelazia
de Coari terminará no mês de março de 2014, na catedral de Coari (AM). A nova
prelazia recebeu como a sua padroeira a Senhora Sant’Ana, a mãe de Maria e
Avó de Jesus Cristo.
No
evangelho de São Lucas Jesus disse, que pelos frutos se conhece a arvore (Lc
6,44). No dia da sua fundação, a Prelazia de Coari contava apenas com três
paróquias: uma em Coari, uma em Manacapuru e uma em Codajás. Hoje, há dez
grandes paróquias, com cerca de 500 pequenas Comunidades Eclesiais de Base.
Somos uma comunidade das comunidades!
A
Santa Sé entregou a Prelazia de Coari aos cuidados dos Missionários
Redentoristas, vindos dos Estados Unidos, da Província de São Luís e depois
também aos Missionários Redentoristas brasileiros, que formam a atual
Vice-Província Redentorista de Manaus. Foram dezenas de Missionários
Redentoristas que trabalharam na evangelização da nossa Prelazia de Coari, aos
quais vai o nosso reconhecimento e a nossa gratidão![2]
Ao
protagonismo dos Missionários Redentoristas se juntaram as irmãs religiosas. As
primeiras, foram as Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, que fizeram o enorme
trabalho missionário, não só religioso, mas também educacional e social. No
meio delas se destacou, pela santidade de vida, a irmã Serafina Cinque, chamada
carinhosamente o Anjo da Transamazônica, cujo processo de beatificação
está em curso.[3]
Em 1974,
chegaram as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora (IFMMA), que
trabalham com muito zelo até hoje em Anori e em Beruri. As Franciscanas de
Santa Maria (Americanas) chegaram em 1986 e permaneceram por 18 anos, até o ano
de 2004, dedicando-se ao desenvolvimento e à implantação da Pastoral da Criança
e da Pastoral da Saúde em todas as paróquias da Prelazia de Coari. As Irmãs
Doroteias de Santa Paula Frassinetti trabalharam em Manacapuru de 2004 até
janeiro de 2010. As Irmãs da Congregação de Jesus chegaram à Prelazia de Coari
em 1999, atendendo, até os dias de hoje, à Paróquia Nossa Senhora das Graças,
em Codajás (AM).
Além
dos Missionários Redentoristas outras congregações masculinas enriqueceram a
Igreja da Prelazia de Coari. Os Padres Palotinos serviram à Prelazia durante 13
anos (1975-1988), sobretudo em Anori. Os Frades Menores Capuchinhos, OFMCap,
ajudaram periodicamente em Anamã de 2001 até 2008. O Instituto Missionário São
José, fundado pelo Pe. Libânio Cicuto, foi representado, na paróquia -
Santuário em Anamã, pelo Pe. Carlos Enrique da Silva, que trabalhou de 2008 até
o janeiro de 2013. Contou-se com a valiosa colaboração dos Missionários de
Quebec, da Sociedade das Missões Estrangeiras (SME), que, nos anos de 1995 até
2007 trabalharam em Anori, Anamã, Caapiranga e Manacapuru. Lembramos também que
há vários anos o Regional Sul 1 da CNBB nos ajuda com um sacerdote, que, no
momento, é representado pelo Pe. Antônio Silva França, pároco em Anori (AM).
Nos
últimos anos, juntaram-se à obra da evangelização na Prelazia de Coari os
sacerdotes nativos. A maioria do nosso clero cresceu na Prelazia de Coari. Das
atuais dez paróquias as oito estão nas mãos do clero diocesano. Desde o Ano
Santo de 2000, tem-se em Coari o Seminário Sant’Ana, onde se preparam os
futuros estudantes de filosofia e de teologia. Sabemos que a missão
evangelizadora está dando, certo quando começam a aparecer as vocações nativas!
Por esse grande dom das vocações nativas quer-se louvar a Deus e agradecer a
todos aqueles que apostaram na formação do clero autóctone e da sua
diocesaneidade!
O
primeiro bispo prelado da Prelazia de Coari foi Dom Mário Robert Emmet Anglim,
CSSR, (1922-1973), natural de Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Dom Mário
escolheu como lema do seu ministério episcopal a frase do evangelho de São
Marcos: “Servir e não ser servido” (Mc 10,45). Depois de trabalhar
muito, faleceu prematuramente aos 51 anos de idade e o seu corpo foi sepultado
na Catedral de Sant’Ana em Coari.
O
segundo bispo da Prelazia de Coari foi Dom Gutemberg Freire Regis CSSR, (1940
-), nascido no Lago do Anamã, que dirigiu por cerca de 40 anos (1974-2007 e
2009-2011) a nossa Igreja de Coari com muita dedicação, sabedoria e abnegação
missionária! Ele escolheu como o lema episcopal a frase de São Mateus: “Eu
estarei sempre convosco” (Mt 28, 20). Quase tudo o que foi realizado na
Prelazia de Coari durante os 50 anos foi realizado, na grande maioria, sob o
pastoreio de Dom Gutemberg Freire Régis, CSSR. A ele se deve, entre muitas
coisas boas, a formação de um clero próprio para a prelazia, o incentivo à vocações,
a formação das lideranças leigas e o zelo pela auto-sustentação econômica da
prelazia.
O
terceiro bispo da Prelazia de Coari foi Dom Joércio Gonçalves Pereira, CSSR,
(1953 -), mineiro da cidade de Virgínia, que trabalhou na Igreja de Coari de
2006 até 2009. Ele veio do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e
fundou, em 2008, o único Santuário na Prelazia de Coari dedicado a São
Francisco de Assis, na cidade de Anamã. O seu lema episcopal foi tirado
do Evangelho de São João Apóstolo: "Eu vos escolhi" (Jo
15,16).
No
dia 23 de outubro de 2011, tomou posse, como quarto bispo da Prelazia de Coari,
Dom Marcos Piatek, CSSR, (1954 -), natural da Polônia, que, antes de vir a
Coari, trabalhou por 25 anos em Salvador, na Bahia. O seu lema episcopal é: “Discípulo
Missionário do Redentor” fazendo a referência ao evangelho de São Marcos
(Mc 3, 14-15), à sua Congregação Redentorista e à V Conferência Geral do
Episcopado Latino Americano e do Caribe em Aparecida.[4]
A
Prelazia de Coari foi criada no período áureo da renovação do Concílio Vaticano
II. O contexto teológico do Jubileu de Ouro da Prelazia de Coari se desenvolveu
na Igreja da Amazônia, a nós muito querida. Já o Papa Paulo VI lembrava aos
bispos da Amazônia por ocasião do encontro em Santarém em 1972: “Cristo
aponta para Amazônia”.[5] Nós somos uma Igreja de Rosto Amazônico, habitada por povos de culturas
e tradições diferentes do resto do Brasil, que merecem todo o nosso carinho e
respeito.
3. A Palavra de Deus é a lâmpada que ilumina a nossa festa. O
significado do Ano Jubilar tem a sua fundamentação na Palavra de Deus. Os anos
jubilares do povo Hebreu eram um tempo dedicado a Deus. A cada sete anos, de
acordo com o Antigo Testamento, ocorria o Ano Sabático, quando se libertavam os
escravos, perdoavam-se as dívidas e se deixava a terra repousar (Ex 23,10-11).
Tudo quanto se prescrevia para o Ano Sabático valia também para o Ano Jubilar,
que ocorria a cada cinqüenta anos. O Livro Levítico nos informa a respeito
disso: “Declarem santo o qüinquagésimo ano e proclamem a libertação para
todos os moradores do país. Será para vocês um ano de júbilo: cada um de vocês
recuperará a sua propriedade e voltará para a sua família. O qüinquagésimo ano
será para vocês uma coisa sagrada. Ninguém de vocês explore o irmão, ninguém
prejudique o seu próximo. Teme o teu Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv
25, 10-17).
Uma das conseqüências
mais significativas do ano jubilar era emancipação dos que não eram livres. O
israelita voltava à posse da terra de seus pais, se a tivesse perdido em razão
da escravidão. De um lado, não se podia ser privado da terra de modo
definitivo, porque ela pertencia a Deus; do outro, não se podia permanecer numa
situação de escravatura, já que Deus tinha resgatado os israelitas,
libertando-os da escravidão do Egito. O Ano Jubilar nos lembra que não somos
escravos, mas filhos amados de Deus!
4. Os braços cruzados não salvam a ninguém. Celebrar o Jubileu de Ouro
é ante de tudo agradecer a Deus por todas as graças derramadas sobre esta
Prelazia, em sua caminhada jubilar. O jubileu é o tempo de ação de graças pela
presença de Deus em nossas vidas. Celebrar o Jubileu de Ouro da Prelazia de
Coari é celebrar a história e o desenvolvimento da fé e da sua vivência como
Igreja local. Hoje em dia, a fé tem que ser anunciada, vivida e até, às vezes,
defendida! Não podemos ficar de mãos cruzadas enquanto o mundo investe contra
os valores da Boa Nova de Jesus. Não podemos ficar inertes vendo os matrimônios
se desfazendo, saindo pelos ralos de motéis. Não podemos permanecer parados
vendo a nossa fé desrespeitada e a cultura da morte prevalecendo sobre a
cultura da vida! Precisamos ser corajosos e ter a fé forte e operante! Nunca
esqueçamos que “A maior glória de Deus é o homem vivo!” (Santo Irineu).
5. Sem Deus, o homem não encontra realização verdadeira, nem mesmo nessa
vida mortal. A finalidade da Igreja de Coari é a gloria de Deus e a
redenção integral dos seres humanos! A comunhão com Deus nasce da escuta da
Palavra de Deus e da vida sacramental e se fortalece nas famílias, que, com a
coragem e alegria se tornam igrejas domésticas, escolas de fé, esperança e
caridade. O homem contemporâneo alcançou os níveis econômicos e científicos
como nunca antes, graças ao desenvolvimento intelectual. Os seres humanos
descobriram os mistérios da vida e da morte e não poucas vezes querem viver
como se Deus não existisse. Apesar do enorme progresso científico somos mais
felizes? Temos menos conflitos sociais e familiares? Rejeitando o amor de Deus
prejudicamos a nós mesmos e machucamos os nossos irmãos. Muitas vezes
reclamamos que no mundo existe muita maldade, injustiça e pouca bondade. A
ditadura do consumismo e do relativismo nos torna egoístas. Certa vez, Jesus
disse a Santa Tereza D’Ávila: “Eu queria, mas a humanidade não quis”. Em
tudo precisamos ouvir a Deus! Nos dias de hoje continua atual a pedagogia dos
apóstolos: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5,
29). Ao homem contemporâneo, muitas vezes perdido, deprimido, inseguro na sua
vida pessoal e frustrado na busca da felicidade, precisamos levar a mensagem de
Deus. Nunca, como nos dias de hoje, a humanidade precisa da esperança! E a
esperança maior vem de Deus, como diz o Apóstolo S. Paulo: “a nossa
esperança está em Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, sobretudo dos
que têm fé” (1Tm 4,10).
6. A memória agradecida. Celebrar o Jubileu de Ouro é louvar e
agradecer não só a Deus, mas também a todas as pessoas que colaboraram com a
vida da Prelazia de Coari, com o seu crescimento e o seu desenvolvimento.
Lembrando a história da nossa prelazia queremos recordar com gratidão “os
homens ilustres, nossos antepassados, através das gerações. O Senhor neles
criou a fama, pois mostrou sua grandeza desde os tempos antigos. Alguns
exerceram autoridade e ganharam fama por seus feitos. Outros, por sua
inteligência, se tornaram conselheiros, e fizeram revelações proféticas. Uns
guiaram o povo com suas decisões, compreendendo os costumes de sua gente e
tendo palavras sábias para instruí-la. Alguns deixaram o nome, que ainda é
lembrado com elogios. Aqueles de quem lembramos foram homens de bem, cujos atos
de justiça não foram esquecidos” (Eclo 44,1-10).
A
lembrança desses homens e mulheres ilustres nos convida a não desperdiçar o patrimônio
espiritual, e o seu tesouro de fé para as novas gerações. Celebrar o Jubileu de
Ouro é agradecer a Deus por todos os ordenados, os consagrados e leigos
dedicados ao trabalho evangelizador e à promoção da dignidade humana.
Religiosos, religiosas, leigos, padres diocesanos vieram antes de nós e deram
suas contribuições, suas vidas, para construir esta bonita história chamada a
Prelazia de Coari. Celebrar o Jubileu de Ouro é agradecer a Deus por todos
aqueles, que, com sacrifício e com uma ampla visão do futuro, foram construindo
as estruturas físicas que servem o Povo de Deus na Prelazia, nas Paróquias, nas
Comunidades e nos outros serviços.
Olhando
a nossa caminhada eclesial temos a consciência de que somos chamados para
sermos “uma Igreja encarnada, que peregrina na história humana. A partir do
nosso chão amazônico, cada vez mais percebemos a urgência de sermos sinais da
novidade evangélica, muitas vezes impedidos a andar na contramão do que
convencionalmente é aceito; na rejeição das alianças com qualquer tipo de poder
que oprima e comprometa a liberdade dos filhos e filhas de Deus. O importante,
para nós, é manter a fidelidade no seguimento a Jesus Cristo e ao seu projeto
de vida nova”.[6]
Queremos
agradecer a Deus por todos aqueles que zelaram pelo desenvolvimento da
estrutura material da nossa prelazia. A sustentabilidade econômica é um dos
cuidados que os nossos fieis têm com as suas comunidades, mas podemos, ainda
mais, “melhorar e motivar a Pastoral do Dízimo, como instrumento principal
de auto-sustentação”.[7]
O Mutirão
de Evangelização do Pro-Ide sinaliza uma grande retomada, não só do ardor
missionário de nossas comunidades, tanto na zona urbana como nas comunidades do
interior, mas também a co-responsabilidade pela auto-sustentabilidade
econômica.
7. A Igreja existe para evangelizar. O Jubileu de Ouro é “o tempo
para levar a Boa Nova aos pobres, para curar os corações aflitos, anunciar aos
cativos a libertação, aos prisioneiros o alvará de soltura” (Is 61,1). A
memória da caminhada dos 50 anos não pode reduzir-se a um mero “recordar fatos
e pessoas do passado”. Jesus Cristo nos lembra: “Sereis as minhas
testemunhas até aos confins da terra” (At 1,8). O Jubileu é sempre, na
perspectiva bíblica, o tempo de retomar um caminho de vida com renovadas
perspectivas, um “relançar as redes” nas águas mais profundas do “hoje” de
nossa realidade eclesial, dinamizando a ação evangelizadora rumo ao “amanhã”,
que vem vindo com todos os seus desafios e expectativas.
O lema do
Ano Jubilar nos fala dos “50 anos da evangelização no coração do
Amazonas”. A comemoração do Jubileu de Ouro da Prelazia de Coari deve nos
remeter ao compromisso com a Missão de Jesus Cristo “Ide pelo mundo inteiro
e pregai a Boa Nova a toda a criatura” (Mc 16,15) e à promoção da vida e da
dignidade humana, reassumida em Aparecida-SP (2007), por ocasião da V
Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.[8]
“Num
mundo pluralista, precisamos ir também ao encontro dos católicos afastados e
acolher os que retornam das outras igrejas”.[9]
8. Discípulos missionários de Jesus Cristo. A Nova Evangelização tem
que perpassar todas as camadas das nossas paróquias: crianças, jovens e
adultos. O Documento de Aparecida recorda que “se queremos que as paróquias
sejam centros de irradiação missionária em seus próprios territórios, elas
devem ser também lugares de formação permanente”.[10]
Precisamos
investir ainda mais na formação bíblica, litúrgica e no cultivo da
espiritualidade. “A catequese está na base de todo o trabalho da Igreja
particular. A catequese é direito do batizado e dever sagrado imprescindível da
Igreja”.[11]
Como
a nossa prelazia é uma igreja jovem, não pode descuidar da educação das
novas gerações. A educação das crianças e da juventude não pode ser relegada
apenas à escola ou aos meios de comunicação. O Setor Juventude precisa ser uma
instância de articulação mais ampla de todas as forças da ação evangelizadora
da juventude na nossa Prelazia. O Setor Juventude precisa agregar todos os
movimentos e grupos de jovens existentes nas nossas paróquias e comunidades.
A
Pastoral Familiar deve ganhar novos rumos visando o projeto de Deus a respeita
da família. O matrimônio, a educação dos filhos e a família são obra predileta
de Deus. Os casais e as famílias, sobretudo novas, precisam contar com o apóio
da igreja nas suas alegrias, mas também nos seus desafios. O matrimônio e a
família precisam ser bem preparadas e acompanhadas pela nossa pastoral. Não
esqueçamos, que as famílias cristãs são o terreno fértil para o despertar e o
cultivar das vocações à vida sacerdotal e religiosa.
No mundo
plural e às vezes antagônico, precisamos trabalhar a nossa identidade cristã e
católica! Para isso precisa-se quem sabe, criar novas pastorais e movimentos. O
papel inestimável na vida de uma prelazia cabe aos fieis leigos, que participam
ativamente na obra da evangelização, fazendo parte dos movimentos, grupos,
associações e pastorais. Nós queremos ser, cada vez mais, uma igreja
ministerial e missionária, porém favorecendo o protagonismo dos leigos e
leigas. É verdade que a “Igreja vive da Eucaristia”[12], porém, por falta de sacerdotes,
centenas de nossas comunidades “Vivem da Palavra de Deus” anunciada pelos
leigos! Os leigos engajados exercem a sua atividade evangelizadora leiga no “complexo
mundo do trabalho, da cultura, da ciência e das artes, da política, dos meios
de comunicação e da economia, assim como as esferas da família, da educação, da
vida profissional, sobretudo nos contextos onde a Igreja se faz presente somente por eles”.[13]
Aqui
expresso gratidão aos nossos catequistas, ministros da Palavra, ministros
extraordinários da Sagrada Comunhão, ministros do batismo e animadores de
comunidades que cumprem magnífica tarefa evangelizadora dentro das nossas
igrejas e comunidades! Onde o sacerdote não pode chegar são os leigos
batizados que levam a luz da Boa Nova de Jesus aos nossos irmãos da Prelazia de
Coari!
A
nossa evangelização não pode ser desvinculada da caridade fraterna visando,
sobretudo, os pequenos, doentes, fracos. Nesses casos, a implantação ou
fortalecimento de pastorais sociais é o caminho mais acertado. Precisamos
evangelizar a todos, mas, ao mesmo tempo, queremos ser uma Igreja solidária -
samaritana, caminhando com o povo mais sofrido, especialmente agricultores,
ribeirinhos, índios, pessoas das cidades, que são menos favorecidas.[14]
Temos
ainda muita coisa a fazer nesse campo, porque a paróquia que não tem
compromisso social não é paróquia plenamente missionária. A pastoral não pode
ser vista como uma pura pastoral de manutenção. Precisamos sair atrás das
ovelhas desgarradas sendo mais missionários. As estruturas paroquiais precisam
ser aperfeiçoadas e todos nós precisamos passar por uma profunda conversão
pastoral. “A renovação das paróquias exige atitudes novas dos párocos, dos
sacerdotes, religiosas que estão a serviço dela e de todos os leigos”.[15]
A
paróquia missionária é aquela que ultrapassa as suas fronteiras para
evangelizar e fazer crescer o Reino de Deus!
9. Convite para participar do banquete do Senhor. O Jubileu de Ouro da
Prelazia de Coari é um convite à nossa participação, a uma vivência mais
intensa do nosso ser Igreja. Todas as nossas paróquias precisam entrar num
clima de intensa oração e empenho constante revelados de modo especial em
alguns acontecimentos, cuja participação de todo o nosso povo é evidente:
- O primeiro acontecimento é a
solene abertura do Ano Jubilar, que acontecerá no dia 21 de Julho de 2013, em
Manacapuru (AM). Na parte da manhã haverá o lançamento da edição especial da
revista “Amazônia”, que fala sobre o momento atual, sobre o hoje da Prelazia de
Coari. Em seguida tem-se o lançamento do livro “Prelazia de Coari, Jubileu
de Ouro 1963-2013: 50 Anos Evangelizando no Coração do Amazonas”, que narra
a historia da nossa Igreja Particular. (Recomendamos aos nossos fieis a leitura
desses subsídios.) No mesmo dia 21 de Julho de 2013, às 18:30h, acontecerá a
solene Eucaristia, a Ação de Graças, concelebrada pelos bispos da Prelazia de
Coari Dom Gutemberg Freire Régis, CSSR, Dom Joércio Gonçalves Pereira, CSSR,
Dom Marcos Piatek, CSSR e por todos os nossos padres. Como o jubileu ultrapassa
as fronteiras da nossa prelazia a Missa Jubilar será presidida por Dom Luiz
Soares Vieira, Arcebispo Emérito de Manaus. A Prelazia de Coari pertence à
Província Eclesiástica de Manaus.
- O segundo momento marcante do
Ano Jubilar será a visita da Imagem Peregrina da nossa Padroeira Senhora
Sant’Ana em todas as paróquias da Prelazia. A réplica da imagem de Sant’Ana
será benta na abertura do Ano Jubilar. A partir do dia 22 de Julho de
2013, a Imagem Peregrina da Senhora Sant’Ana, especialmente para isso
confeccionada, estará visitando todos os municípios, todas as paróquias e
comunidades da Prelazia.
- O terceiro evento que marcará o
Ano Jubilar é o encerramento desse Jubileu de Ouro, que acontecerá no domingo,
dia 16 de março de 2014, na Catedral de Sant’Ana em Coari (AM). Para esta data
virá o representante do Santo Padre, Francisco, sua Excelência Dom Giovanni
D’Aniello, o Núncio Apostólico no Brasil.
- Além disso propõe-se a
realização de um gesto visível, palpável e concreto para agradecer a Deus por
todas as graças recebidas durante os 50 anos da existência da Prelazia de
Coari. Cada paróquia é convidada a construir, conforme as suas possibilidades,
uma capela como voto de gratidão a Deus pelo nosso Jubileu de Ouro! A Prelazia
de Coari, como um todo, vai também expressar concretamente a sua gratidão a
Deus e à Senhora Sant’Ana, dando início à reconstrução da Casa de Retiro Santo
Afonso e do Centro de Formação Missionária, em Coari, para a formação
permanente e sistemática dos nossos leigos!
10. Mandai, Senhor, operários para a vossa
messe. Celebrar o Jubileu de Ouro é trilhar o caminho da santidade e pedir
a Deus as santas e novas vocações para o clero secular e para o clero
religioso; para as diversas congregações religiosas, afim de que possa ter cada
vez mais leigos e leigas engajados em nossa Igreja Particular de Coari. Com
nossa oração, abraçamos os nossos seminaristas, no Seminário Sant’Ana, em Coari
e no Seminário São José, em Manaus! O Papa Francisco nos lembrou recentemente
que “ser bom pastor é sentir o cheiro das ovelhas, sendo pastores no meio do
seu rebanho e pescadores de homens”.[16]
Como Igreja, inspirada no seguimento de Jesus Cristo, queremos “formar
presbíteros santos, despojados, simples, que não busquem autopromoção; que
sejam missionários em maior sintonia e contato com as comunidades”.[17]
11. Nós cremos na ressurreição e na vida eterna. Celebrando os 50 anos
da existência da Prelazia de Coari, abraçamos, com a nossa oração, todos
aqueles que já nos precederam na casa do Pai. A eles queremos fazer uma
homenagem orante com as palavras do beato papa João Paulo II, feita durante a
sua visita a Manaus em 1980: “Eu me ajoelho diante de cada uma destas
sepulturas e, mais ainda, diante de cada uma dessas figuras de missionários,
homens como nós, com defeitos e fraquezas, engrandecidos, porém, pelo
testemunho do dom pleno de si mesmos às missões”. Que o Cristo Ressuscitado, o
Vencedor da Morte, dê aos nossos irmãos e irmãs falecidos na construção do
Reino de Deus na Prelazia de Coari a luz e o descanso eterno!
12. A Mãe do Povo Amazônico. Peçamos a Maria, Mãe do Povo Amazônico, a
primeira Discípula Missionária de seu Filho Jesus, que nos inspire e abençoe no
caminho do discipulado e da missão e nos ensine a dizer SIM à proposta amorosa
de Deus na construção de um novo tempo, em que todos os filhos e filhas da
Prelazia de Coari possam crescer em dignidade e fé e contribuir para que haja um
mundo de justiça e paz para todos!
Gloriosa
Senhora Sant’Ana, a nossa Padroeira e a Avó de Jesus Cristo, cuja vida nos
narra a Tradição e o Evangelho Apócrifo de São Tiago, continue nos protegendo e
intercedendo por nós junto ao Pai nas nossas lutas constantes pela implantação
do Reino de Deus no meio das nossas cidades, dos nossos rios, lagos, e
igarapés.
A todos vocês dou de coração a
minha bênção episcopal! Abençoe-vos Deus todo Poderoso + Pai + Filho + e
Espírito Santo. Amém!
O Vosso bispo e irmão:
_____________________
+ Dom Marcos Piatek, CSSR
Bispo da Prelazia de Coari (AM)
Coari
(AM), 13 de Julho de 2013
No
Cinqüentenário da Criação da Prelazia de Coari (AM)
[1]
João Paulo II, Tertio Millennio Adveniente, 14.
[2]
Cfr. Norman J. Muckerman, CSSR, Redentoristas
na Amazônia. Os primeiros cinqüenta anos. Manaus 1992.
[3]
Cfr. Thereza do Socorro Pereira Trindade, Sangue Redentor nas Trilhas da
Esperança, Manaus 1998; Irmã Marília Menezes, Irmã Serafina, o Anjo da Transamazônica,
Manaus 1995.
[4]
Documento de Aparecida, 1,10, 30.
[5] Documento Santarém 1972.
[6]
CNBB, Igreja na Amazônia: Memória e
Compromisso. Conclusões do Encontro de Santarém 2012, Edições CNBB,
Brasília 2012, p. 25.
[7]
Ibidem, p. 23.
[8]
Documento de Aparecida, 399
[9] CNBB, Igreja na Amazônia: Memória e Compromisso. Conclusões do
Encontro de Santarém 2012, p.21.
[10]
Documento de Aparecida, 306.
[11]
CNBB, Diretório Nacional de Catequese,
231 e 178.
[12] João Paulo II, Encíclica Eclésia de Eucharistia, Roma 2003, 1.
[13]
Cfr. Lumen Gentium, 31; Gaudium et Spes, 43; Documento de Aparecida, 174, 210
[14]
CNBB, Igreja na Amazônia: Memória e
Compromisso. Conclusões do Encontro de Santarém 2012, p.12.
[15]
Documento de Aparecida, 201-202.
[17]
CNBB, Igreja na Amazônia: Memória e
Compromisso. Conclusões do Encontro de Santarém 2012, p.22-23.
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